Na última terça-feira (18), foi divulgada pesquisa feita pela Rede Nossa SP, em parceria com o Ibope, acerca de dados relacionados à tolerância e violência relacionadas à população LGBT+. Um dado promissor é o de que a maior parte da população da cidade de São Paulo é favorável à criação de uma lei para criminalizar a homofobia e a transfobia.
Outra boa notícia nesta questão e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que torna crime a homofobia e a transfobia, que agora serão enquadrados na mesma lei que trata do racismo (7.716, de 1989).
É crime sim!
De acordo com a pesquisa 55% dos entrevistados são a favor da criminalização e outros 22%, contra e 23% não sabem ou não responderam. Foram entrevistados 800 moradores de São Paulo entre os dias 3 a 23 de abril de 2019 por meio de coleta pessoal e on-line.
Além de mais da metade dos cidadãos ser a favor da criminalização da LGBTfobia, também caiu em 10 pontos percentuais a percepção dos paulistanos de que a cidade de São Paulo é tolerante com a população LGBT+. Ou seja, os paulistanos de maneira geral estão mais atentos às situações de violência e intolerância que por muitas vezes são invisibilizadas pelo senso comum.
Contudo, tal percepção segue sendo mais forte entre jovens, os mais pobres e aqueles que se autodeclaram pretos ou pardos, isso porque tais segmentos sociais são geralmente os mais afetados por situações de preconceito. Tais populações, percebem mais a intolerância contra o LGBT, enquanto nichos mais privilegiados tendem a ser indiferentes.
Além da tolerância, o estudo também mede a avaliação dos paulistanos em relação à atuação da administração pública em relação à garantia dos direitos LGBT. Segundo o levantamento, 43% dos entrevistados acham que a administração municipal tem feito pouco, 25% nada, 10% muito e 22% não responderam. Tal dado demonstra a insuficiência da Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Bruno Covas, em criar políticas públicas efetivas no combate à intolerância e violência sistemática contra a população LGBT+.
A pesquisa também revela o triste dado de que cerca de 4 em cada 10 entrevistados sofreram ou presenciaram alguma situação de preconceito em função da orientação sexual no espaço e transporte público. Essa triste realidade mostra como a violência e preconceito em função da orientação sexual estão enraizados na sociedade, na medida em que quase metade da população já viu ou sofreu algum ato de intolerância no espaço público.
Ainda sobre os dados de violência e intolerância o perfil de quem mais sofreu ou presenciou alguma situação de preconceito segue sendo as mulheres pretas ou pardas, com idades de 16 a 24 anos e 35 a 44 anos, escolaridade média e renda familiar mensal de até 2 salários mínimos. Por isso, é necessário cobrar a administração pública para que proponha medidas concretas no sentido de garantir os direitos da população LGBT+ de maneira ampla, ou seja, priorizando os setores mais vulneráveis para que tais atos de violência diminuam, fazendo jus ao que demanda a maioria dos paulistanos.