O protesto primeiro protexto puxado pelo MPL (Movimento Passe Livre), aconteceu no dia 7 de janeiro, em frente à Prefeitura, contra o aumento de R$ 0,10 no valor da tarifa do transporte público, entre trem, metrô e ônibus, de R$ 4,30 para R$ 4,40, em acordo de Bruno Covas, com o Governo estadual de João Doria. Como é de praxe, a PM autoritária comandada pelo governador reprimiu duramente os manifestantes com violência, bombas de gás e spray de pimenta, e deteve cerca de 30 pessoas de maneira ilegal.
Em nota divulgada em suas redes sociais, o MPL criticou a forma com que o protesto foi encarado pelo poder público. “Em vez de reconhecerem nossas pautas como legítimas, os governantes mandaram as forças policiais fecharem a estação e defenderem as catracas. Toda essa violência para impedir nosso direito de ir e vir e defender o lucro dos empresários”. O segundo protesto organizado pelo MPL ocorreu na mesma semana, no dia 9, dessa vez na Praça da Sé e novamente enfrentou repressão. Um terceiro ato foi convocado para amanhã (16), às 17h, em frente o Teatro Municipal.
Vale lembrar que no final do ano passado o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) protocolou uma carta na Prefeitura solicitando que o prefeito não reajuste a tarifa da passagem do ônibus. O Idec argumenta que a Prefeitura pode segurar esse aumento reajustando o valor de subsídio para o sistema e que um aumento no preço da passagem do ônibus tem um grande impacto para a cidade. O instituto também argumenta que a Prefeitura não gerencia o sistema de transporte da cidade maneira eficiente.
O aumento irresponsável das passagens é uma tendência não só em São Paulo. Ao todo, 6 capitais tiveram aumento: Brasília, Macapá, Vitória, Boa Vista, São Paulo e Recife. No Rio de Janeiro, não houve reajuste no ônibus, mas trens e barcas ficam mais caros em fevereiro e o metrô deve aumentar em abril. No Distrito Federal também houve aumento de tarifa (de R$ 5 para R$ 5,50), o que gerou protestos na última terça-feira (14), que também foram duramente reprimidos pela polícia.
Pagar cada vez mais, para circular cada vez menos
Nenhum governante menciona o motivo pelo qual o aumento de tarifa é impopular: quanto mais alto o preço da passagem, menos pessoas podem circular pela cidade, e os mais prejudicados são os moradores das periferias, a população mais pobre. Quem não tem como pagar fica impedido de se deslocar pela cidade em que mora —seja para procurar emprego, ir à escola, à hospitais e mesmo acesso ao lazer.
Uma pesquisa de 2019 mostrou que quem vive com um salário mínimo em São Paulo gasta um terço de sua renda apenas para pegar ônibus e metrô indo e voltando do trabalho e dados do IBGE de 2018 mostram que os gastos das famílias brasileiras com transporte já superaram os gastos com alimentação. Só em 2017, o Brasil perdeu 3,6 milhões de passageiros por dia em virtude do aumento da passagem, só o transporte por ônibus perdeu 35,6% dos passageiros em mais de 20 anos.
Mas o prefeito prefere ignorar a gravidade dessa situação e usar um velho argumento: dizer que, para não aumentar a tarifa, recursos deveriam ser retirados de outras políticas sociais para aumentar o subsídio ao transporte. Covas omite os lucros das empresas de ônibus que permanecem intocáveis, inquestionáveis e, esses sim, pressionando os gastos do orçamento público. É daí, das grandes empresas e fortunas que devem ser retirados os recursos para que o transporte funcione como um direito, sendo gratuito e de qualidade para todos.
Por isso, Giannazi segue na luta junto da população contra esse aumento criminoso. Mostraremos nas ruas que quem deve decidir é a população que usa e faz o transporte funcionar. Se Bruno Covas escolhe continuar não reconhecendo as pautas populares e tratando-as como como caso de polícia, questionamos: prefeito, você governa para quem? O aumento de tarifa é um absurdo. Pagar R$4,40 em algo que deveria ser público é absurdo. Todos às ruas, amanhã (16), a partir das 17h, no Teatro Municipal. R$4,40 não dá!