Dados do Ministério da Saúde mostram consequências graves de abusos físicos e psicológicos.
Dados do Ministério da Saúde mostram consequências graves de abusos físicos e psicológicos.

Estudo inédito do Ministério da Saúde, com base em cerca de 800 mil notificações realizadas entre 2011-2016, confirma o avanço brutal da violência contra a mulher. Os dados mostram as consequências graves de abusos físicos e psicológicos e o aumento do número de óbitos no último período.

O Ministério também revela que as mulheres brasileiras expostas à violência física, sexual ou mental têm um risco de mortalidade que equivale a oito vezes o da população feminina em geral. Ao refinar os dados, a pesquisa verificou 16,5 mil mortes estavam associadas às notificações de violência mapeadas pelo Ministério.

Morte anunciada!

Desde 2011, é obrigatória a notificação ao Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) dos casos de violência intencional praticada por terceiros ou pela própria vítima (automutilação e tentativa de suicídio).

Os dados alimentam um sistema que possibilita traçar uma trajetória das mulheres vítimas de agressões e até da sua morte, em consequência da violência.

Mapa da violência

De acordo com o Ministério da Saúde, o estudo foi dividido em duas etapas: 2011/2013 e 2014/2016.

Entre 2011/2013, 2.036 mulheres foram mortas vítimas da exposição direta ou indireta à violência física, psicológica, sexual, de repetição ou autoprovocada. Uma média de óbitos era de 40 por semana.

Esse dado mais que dobrou no segundo período analisado. Entre 2014/2016, 5.118 mulheres foram mortas vítimas de violência, 100 por semana

As mulheres representaram 70% das 243.259 vítimas de violência que procuraram o SUS em 2016 para atendimento médico. A maioria das agressões (70%) ocorreu em casa. Em 28% dos casos, a violência era de repetição.

O trabalho envolveu pesquisadores da USP, da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade de Toronto, além do Ministério da Saúde e da Vital Strategies, um organização internacional que atua em estratégias de políticas de saúde pública.

Fonte: Folha de São Paulo