Em meio a um surto de sarampo e com a previsão de alta nos casos de febre amarela no próximo verão, o Ministério da Saúde deverá reduzir em R$ 393,7 milhões as despesas com compra e distribuição de vacinas em 2020. Tal corte de verbas para a compra e a distribuição de vacinas é reflexo do descaso do governo Bolsonaro com a saúde pública.
A possibilidade de falta de vacinas no País é fato muito preocupante. Nos últimos anos, o País registra uma queda nas taxas de cobertura vacinal, o que levou à ocorrência de um surto de sarampo com mais de 3 mil casos confirmados e levantou o alerta para o possível retorno de outras doenças controladas, como caxumba, difteria e coqueluche.
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De acordo com o projeto, o governo pretende gastar cerca de R$ 4,9 bilhões no ano que vem com “aquisição e distribuição de imunobiológicos para prevenção e controle de doenças”. O valor é 7% menor do que o previsto para esse ano (R$ 5,3 bilhões). Além disso, a verba destinada às vacinas não inclui apenas a compra do insumo. Mesmo que o ministério consiga negociar e obter melhores preços, há ainda o gasto com a distribuição dos imunizantes por todo o País, o que exige muito cuidado.
As vacinas devem ser mantidas refrigeradas, sob temperatura de 2°C a 8°C. Se há uma falha nessa cadeia, corre-se o risco de perder a vacina ou a sua eficácia. É importante, portanto, que sejam mantidos os recursos para distribuição, armazenamento e transportes adequados. Além disso, é preciso garantir que as vacinas mais baratas tenham controle de qualidade e sejam reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é uma das melhores experiências em saúde pública que temos no Brasil, sendo considerado modelo para vários outros países. Contudo, governo parece não entender que a compra de vacinas gera economia com medicamentos para tratar doenças e internações, salvando vidas antes que a população corra riscos. Vacina não é um gasto, é um investimento.
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Em entrevista ao Estadão, Isabella Ballalai, vice presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), afirma que o provável corte de recursos na verba destinada à compra de vacinas pode impactar no acesso da população aos imunizantes e impedir que algumas ações de prevenção sejam ampliadas. A especialista também acredita que a decisão é prejudicial também pela mensagem que passa à população sobre a importância da vacinação: “Estamos fazendo um enorme trabalho para que as pessoas se vacinem, para recuperar as taxas de cobertura vacinal que tínhamos anos atrás. Como a população vai entender que isso é prioritário para o Ministério da Saúde se o orçamento sofre redução?”, questiona.