Incêndio no galpão da Cinemateca na Vila Leopoldina, Zona Oeste. (Foto: Reprodução / Correio Braziliense)
Incêndio no galpão da Cinemateca na Vila Leopoldina, Zona Oeste. (Foto: Reprodução / Correio Braziliense)

Um incêndio atingiu o galpão da Cinemateca Brasileira localizado na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo, no último dia 29, quinta-feira. Uma tragédia que não pode ser chamada de acidente, pois os movimentos em defesa do acervo alertam para esse risco há anos.

Segundo ex-funcionários da Cinemateca, arquivos de órgãos extintos do audiovisual brasileiro, como a Embrafilme, a Empresa Brasileira de Filmes e o Instituto Nacional do Cinema e o Concine, documentos do arquivo Tempo Glauber, que reúne diários, anotações pessoais e cartazes originais do cineasta Glauber Rocha, matrizes e cópias de cinejornais, filmes documentais, filmes domésticos e de ficção foram danificados ou destruídos.

Fruto do descaso do governo federal, o local já foi vítima de outros desastres. Em 2016, também houve um incêndio no galpão da Vila Mariana, na Zona Sul. Na ocasião, em torno de 500 obras e mil rolos de filmes foram destruídos. Em fevereiro do ano passado, o galpão da Vila Leopoldina sofreu com uma enchente que afetou livros, mobílias e fotografias.

Com o descaso se agravando, em agosto de 2020 os trabalhadores da Cinemateca ficaram sem salário e, posteriormente, todos foram demitidos. Desde então, o local está fechado. O contrato com a Associação de Comunicação Educava Roquete Pinto (Acerp) havia encerrado em dezembro de 2019 e depois disso não houve uma nova licitação para a administração da Cinemateca.

Nesse tempo todo o governo Bolsonaro “lavou as mãos” e nada fez para proteger a Cinemateca, mesmo com o Ministério Público Federal (MPF) denunciando o “desgoverno” por abandono. O governo federal chegou a se comprometer a mostrar ações pelo acervo em 45 dias, prazo que se encerrou no início de julho deste ano e nada foi mostrado.

Em 12 de abril deste ano, os trabalhadores da Cinemateca já alertavam para o risco real de incêndio pela falta de equipamentos, manutenção e profissionais. Em julho de 2021, o MPF também já havia avisado o governo sobre esse risco.

Com os membros da Comissão de Educação, Cultura e Esportes e o deputado Carlos Giannazi, o vereador Celso Giannazi visitou a Cinemateca para conferir a situação de abandono em que o acervo se encontra. Na visita, os parlamentares foram proibidos de usar celular para não fotografarem o estado crítico da Cinemateca.

O vereador Celso Giannazi é autor do Projeto que cria a Frente Parlamentar em Defesa da Cinemateca, que foi aprovado na Comissão de Educação e Cultura. Além disso, o vereador também participou de diversos atos em defesa do local, como o ato em protesto aos 300 dias de abandono da Cinemateca, e sempre denunciou na Câmara Municipal o abandono com o acervo.

O vereador também é autor do Projeto de Lei 368/2020, que firma convênio entre a União e o Município para a administração da Cinemateca Brasileira.