A mesma nação que colecionou índices inspiradores é a mesma que hoje volta a colecionar os índices de desigualdade da década de 1960, quando o IBGE iniciou o mapeamento do rendimento da população nos censos demográficos.
Pesquisa realiza pelo economista e professor da Unicamp, Marcio Pochmann, revela que a concentração da renda que emerge na segunda metade da década de 2010 transcorre de forma inédita, pois combina o decréscimo econômico com a desestruturação do mundo do trabalho e a elevação acelerada da pobreza.
“Os dados são alarmantes e diante da inabilidade do governo Bolsonaro, o Brasil segue sendo empurrado para um abismo, onde o que somente cresce é a desigualdade de renda. É um retrocesso muito grande, absoluto, não só do ponto de vista quantitativo, mas também na concepção. E fica pior quando observamos que a gestão Bolsonaro não apresentou nenhum projeto para reverter essa espiral de desigualdade”, denunciou o vereador Celso Giannazi.
Dados mapeados pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS) e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, hoje, 70 milhões de brasileiros vivem na pobreza e na extrema pobreza. Em 2017, o percentual de pobres subiu para 26,5%.
Em números absolutos, o contingente aumentou de 52,8 milhões para 54,8 milhões de pessoas, no período. Já o número de brasileiros na extrema pobreza eram 13,5 milhões de pessoas em 2016, (6,6%). Em 2017, esses números aumentaram para 15,2 milhões (7,4%).
Desigualdade avança no governo Bolsonaro; 70 milhões são pobres ou extremamente pobres
Desde 2015, a elevação a desigualdade de renda ocorreu de forma explosiva, com um crescimento médio anual de 6,1% no índice de Gini, que pulou de 0,49, em 2014, para 0,63, em 2019. Nesse período em referência, a economia recuou 0,8% como média anual e o PIB também caiu em média de 1,5% ao ano.
Os dados revelam que a pobreza cresce 10,4% como média anual e o desemprego aumentou 20,1% ao ano, entre os anos de 2015 a 2019. O IBGE também mostra que, nesse período, houve queda do o emprego formal – 1,6% ao ano.