Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), revela que 29% dos jovens, alunos de escolas públicas, relataram ter sido vítimas de bullying em 2019. 23% relataram ter sido vítimas de violência.
E mais, a pesquisa verificou que houve prevalência de vítimas por bullying e por violência entre adolescentes que declararam orientação não heterossexual e que disseram ter alguma deficiência.
A pesquisa foi realizada com 2.702 adolescentes do 9º ano em 119 escolas públicas e privadas da capital paulista.
O relatório destaca três pontos: o primeiro é que os casos de bullying e violência entre adolescentes não são eventos raros; o segundo é que tanto o bullying quanto a violência são resultados de causas possíveis de serem identicadas; e, por último, o bullying e a violência podem ser evitados.
O que os pesquisadores classificaram como violência no estudo inclui outras situações que não têm tais características do bullying, como crianças vítimas de uma agressão física, de um assalto a mão armada, envolvimento em uma briga com ou sem uso de armas.
Globalmente, metade dos estudantes com idades entre 13 e 15 anos, cerca de 150 milhões de estudantes, relataram que experimentam o bullying no ambiente escolar, os dados são do novo relatório sobre a violência nas escolas feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, divulgado em 2019.
Em 39 países industrializados que foram analisados pelo relatório, 17 milhões de adolescentes admitiram intimidar os amigos na escola. Apesar do estudo ser focado em adolescentes, o bullying é uma prática que começa ainda na infância.
Reconstrução escolar
Em relação à escola, os pesquisadores observaram que quanto maior o compromisso e a legitimidade atribuídos à escola e quanto melhor a relação com os professores, menor é a frequência de perpetração e vitimização de bullying e violência.
O primeiro passo para trabalhar os problemas de violência devem necessariamente incluir um resgate, uma reconstrução disso que a gente está chamando de ambiente escolar, até para que a escola possa desenvolver um programa específico para prevenção de bullying e violência.
É preciso que os alunos reconheçam seus professores e a escola como um espaço positivo e que isso legitime ações e programas dentro da escola. O estudo reforça que o envolvimento positivo dos pais está associado a níveis mais baixos de bullying, além do apoio social dos amigos e um ambiente escolar ordenado e não violento.
Como identificar o risco de bullying!
A seguir, confira dicas do psiquiatra Gustavo Teixeira, fundador do Child Behavior Institute of Miami (EUA), autor do livro Manual Antibullying – Para Alunos, Pais e Professores (Ed. Best Seller), para identificar o risco precocemente e ajudar a criança.
– As escolas não podem ignorar a existência do bullying. É fundamental que se criem políticas públicas para tornar o assunto presente em todas as escolas, de maneira permanente, por meio de programas anti-bullying. A direção escolar precisa encarar o assunto com seriedade e trabalhar o tema com os alunos desde cedo, para conscientizar as crianças sobre o respeito às diferenças e à individualidade.
– Os professores e funcionários da escola devem estar preparados para identificar o bullying e dar a devida orientação ao alunos envolvidos, levando o caso à direção, que irá comunicar as famílias para trabalhar a questão em conjunto.
– Os pais e professores devem estar especialmente atentos às crianças mais fechadas, tímidas e com dificuldade para fazer amigos. Elas tendem a ser o alvo do bullying com maior frequência. Essas crianças costumam ter dificuldade para pedir ajuda aos adultos e acabam não conseguindo se livrar das situações incômodas.
– Repare se o seu filho reclama muito para ir à escola e se queixa sobre como é tratado. Se ele conta que não tem amigos, nunca é convidado para festinhas e diz que não quer fazer aniversário porque não tem quem chamar, fique de olho. Ele pode estar sofrendo com o bullying e talvez nem consiga se manifestar. Nesse caso, entre em contato com a escola para investigar a situação e entender o que se passa. No geral, a terapia cognitivo-comportamental somada ao trabalho da escola junto aos agressores costuma dar bons resultados.
Com informações do impresso A Tribuna e da Unicef.