Foto: Reprodução
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Em um importante passo para a inclusão social da população transexual, a Prefeitura de São Paulo passou a oferecer 470 vagas de emprego para transexuais, através das Secretarias de Desenvolvimento Econômico e Trabalho e de Direitos Humanos e Cidadania. São oferecidas vagas para as áreas de telemarketing, serviços domésticos e vendas.

Estão disponíveis 280 postos para operador de telemarketing, com salário até R$ 1.065; 50 vagas para serviços domésticos, com remunerações de R$ 1.200 a R$ 1.600, e 140 postos para a área de vendas, com salários até R$ 1.045 e comissões. Para a área de telemarketing, é necessário ter ensino fundamental ou médio completo, já para vendas, o pré-requisito é estar cursando ou ter completado o ensino médio. Todas as vagas requerem que o candidate tenha noções básicas ou alguma experiência nas respectivas áreas.

Para participar do processo de seleção, os candidates devem preencher um formulário e inscreverem-se através do site https://bit.ly/349tqV8, entre os dias 17 e 19 de agosto, até as 20h. No dia 26 de agosto, as pessoas pré-selecionadas serão convocadas para a pré-seleção presencial na unidade Central, sendo necessário levar o currículo atualizado.

O vereador Celso Giannazi ressaltou a importância da inclusão social e falou sobre o papel das políticas públicas para garanti-la: “A população trans é alvo de violências históricas relacionadas às suas identidades e expressões de gênero. Essa situação é decorrente de processos históricos, culturais, sociais e, sobretudo, políticos, ditados pelos privilégios cis-heteronormativos. Aqueles que destoam de expressões de gênero “esperados” ficam à margem de direitos sociais e civis e mais vulneráveis à violação e negação de direitos. Luto por uma sociedade igualitária e livre de preconceitos. Para isso, o poder público tem papel fundamental para garantir a inclusão social de todos os grupos historicamente marginalizados. Ainda é pouco, mas vamos lutar para que haja cada vez mais ações e medidas que garantam os direitos e oportunidades a todos”.

Giannazi é autor do Projeto de Lei 303/2020, que garante uma reserva de vagas de até 7% para travestis, mulheres transexuais e homens transexuais em empresas privadas que recebem incentivos fiscais da Prefeitura de São Paulo.

A violência histórica com a população trans no Brasil

Segundo pesquisa realizada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 89 pessoas transgênero foram assassinadas no Brasil só no primeiro semestre de 2020, 39% a mais do que o mesmo período de 2019.

Mesmo com dados tão absurdos, a entidade relatou que eles não espelham a realidade: “Os dados não refletem exatamente a realidade da violência transfóbica em nosso país, uma vez que nossa metodologia de trabalho possui limitações de capturar apenas aquilo que de alguma maneira se torna visível. É provável que os números reais sejam bem superiores. Mesmo com essas limitações, os dados já demonstram que o Brasil vem passando por um processo de recrudescimento em relação à forma com que trata travestis, mulheres transexuais, homens trans, pessoas transmasculines e demais pessoas trans. O que reforça a importância do nosso trabalho de monitoramento, incidência política e denúncias a órgãos internacionais”, afirmou em nota.

Associação Nacional de Travestis e Transexuais

Ainda de acordo com pesquisas da Antra, quase 88% das pessoas entrevistadas pela entidade afirmaram que uma das principais necessidades é a conquista de um emprego que forneça uma renda digna para o seu sustento, 94,8% declararam que sofreram algum tipo de violência motivada por discriminação devido à sua identidade de gênero e, com a pandemia causada pelo novo coronavírus, 58,6% disseram pertencer ao grupo de risco da doença (cerca de 60% da população trans não conseguiu ter acesso ao auxílio emergencial ou qualquer tipo de benefício).

Celso Giannazi apresenta Projeto que garante uma renda básica às pessoas em condição de vulnerabilidade enquanto durar a pandemia.

Em 2016, a ONG europeia Transgender Europe (TGEu), entidade que trabalha para combater a discriminação contra pessoas trans e apoiar seus direitos, publicou relatório que apontava ao menos 868 mortes de travestis e transexuais no Brasil nos oito anos anteriores, deixando o país na liderança do ranking mundial de homicídios de pessoas transgênero.

A violência histórica guiada pela discriminação de gênero no país, como mostrado em fatos e estatísticas, se faz muito presente até os dias atuais. É essencial que haja políticas públicas para a inclusão social de todos os grupos LGBTQI+ para caminharmos para uma sociedade minimamente igualitária.

Fontes: G1, Agência Brasil e Correio Braziliense