No pior momento da pandemia, o governador João Doria determinou, de forma autoritária, o retorno às aulas presenciais para a última quarta-feira, 14. O prefeito Bruno Covas foi além e impôs o retorno já na segunda-feira, 12.
Os defensores do retorno às aulas presenciais durante a pior crise sanitária do século argumentam que os estudantes precisam recuperar o tempo de ensino perdido. Porém, para recuperar o aprendizado os profissionais, alunos e suas famílias precisam ter seu direito à vida garantido, não é? Portanto, listamos 5 argumentos comprovando que voltar às aulas agora é assinar o atestado de óbito da comunidade escolar!
1 – Estamos na pior fase da pandemia
Se as escolas fecharam quando o país inteiro tinha menos de 1.000 casos de coronavírus, qual o sentido de abri-las agora que o Brasil tem, em média, 67.396 novos casos por dia, segundo dados são do consórcio de veículos de imprensa?
Na última quarta-feira, no mesmo dia em que as aulas retornaram no estado, São Paulo bateu 1.095 mortes pela covid em 24 horas, chegando muito perto da pior marca desde o início da pandemia: 1.389 óbitos em um dia, registrados em 6 de abril.
Este mês é o pior para São Paulo, com registros acima de mil óbitos em seis dias até o momento que essa matéria foi escrita. O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou na última sexta-feira, 16, que os medicamentos do ‘kit intubação’ irão acabar até este final de semana. Com a reabertura das escolas, somada à recente autorização de cultos religiosos presenciais e a abertura de comércios, a tendência é que a situação da pandemia piore e mais vidas sejam perdidas.
2 – Número de casos aumentou após a última volta às aulas
Na rede municipal, segundo dados da Coordenação de Gestão de Saúde do Servidor (COGESS), as contaminações pelo vírus cresceram 525% entre 18 de fevereiro e 18 de março, período que as aulas presenciais retornaram na rede, totalizando 646 casos na média mensal.
Um estudo da Rede Escola Pública e Universidade (Repu) apontou que os professores das escolas estaduais de São Paulo foram 192% mais infectados que a população em geral. Os resultados indicam que a ocorrência da doença entre os professores foi quase o triplo (2,92 vezes) da registrada na população de 25 a 59 anos do estado de São Paulo, que foi utilizada como base de comparação.
3 – Mortes entre crianças aumentaram e óbitos de profissionais poderiam ser evitados
A Agência Brasil divulgou uma pesquisa com base nos balanços divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo e apurou que entre o 1° dia de janeiro até 12 de março, 22 crianças morreram devido à covid-19, número 40% maior do que o ano passado inteiro.
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) mapeou o número de óbitos em decorrência do coronavírus nas escolas do Estado: são 69 mortes em 1077 escolas até o momento. Na rede municipal, as secretarias de Saúde e Educação divergem sobre os números, porém o mandato do vereador Celso Giannazi recebe denúncias diárias de mortes de profissionais que voltaram às atividades presenciais.
4 – Falta de estrutura nas escolas
O vereador Celso Giannazi percorreu, diariamente, por todo o município de São Paulo para visitar as escolas municipais e relatou a precariedade nas condições estruturais.
Giannazi encontrou escolas sem nenhuma ventilação, interditadas por reformas “eternas”, com muro caindo sobre o local e até uma unidade escolar com surto de escorpiões.
Sem sinal de investimento para reformas decentes, a maioria das escolas públicas não tem condições de seguir os protocolos sanitários para o retorno presencial.
5 – Faltam profissionais nas escolas
Em plena pandemia, pelo menos 60 unidades escolares tiveram 50% das equipes de limpeza cortadas por determinação de Bruno Covas. Algumas escolas com mais de 1.000 alunos chegaram a não ter nenhum trabalhador da limpeza.
Giannazi oficia todas as DRE’s sobre os cortes das equipes de limpeza e merenda nas escolas
Também há um deficit histórico de professores e profissionais da gestão, como Auxiliares Técnicos de Educação e Coordenadores Pedagógicos. Diversos concursados para essas áreas aguardam até hoje a convocação para exercerem suas funções.
Com um deficit enorme nas equipes escolares, torna-se impossível cumprir os protocolos sanitários.