A sanha doentia do governo Jair Bolsonaro em impor a privatização geral do patrimônio nacional ameaça novamente os brasileiros e brasileiras. Sedento por entregar as empresas estatais ao capital privado, Paulo Guedes quer privatizar bancos públicos, que possuem papel estratégico fundamental para o desenvolvimento do país.
O Banco do Brasil (BB), o Banco do Nordeste (BNB), a Caixa Econômica Federal (CEF), e as loterias são os alvos do desgoverno Bolsonaro. Diferente das instituições privados, a venda de bancos públicos prejudicará os servidores dessas instituições e o conjunto da população, pois esses bancos são os maiores responsáveis por programas sociais estratégicos para o desenvolvimento e para a redução das desigualdades no Brasil.
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Com a privatização, abre-se uma avenida para a livre atuação do sistema financeiro e, sem a concorrência dos bancos públicos, os juros poderão ser reajustados ao sabor dos banqueiros, sem falar na ampliação da restrição do crédito para a população. Lembrando que os bancos privados não têm o interesse e nem o compromisso social de oferecer créditos com juros baixos, acessíveis à população. Além disso, os dividendos (lucros) das instituições irão para os acionistas ao invés de retornarem para serem aplicados no país.
Pesquisa realizada pela VEJA/FSB revelou que a população brasileira não aceita esse absurdo e rejeita a privatização dos bancos públicos. De acordo com o levantamento, tanto a privatização do Banco do Brasil como da Caixa são rejeitadas por 59% dos brasileiros e brasileiras.
Brasil afetado pela sanha privatista
Com a privatização dos bancos públicos, áreas como Moradia, Agricultura, Alimentação, Comércio e Indústrias serão diretamente afetadas. Para se ter um ideia, os bancos públicos possuem participação em mais de 80% do mercado do crédito rural e imobiliário. Além disso, até 2016, os bancos públicos eram responsáveis por 56% do crédito no Brasil, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).
Somente a Caixa financia 69% da habitação no país e representou, em 2015, mais de 75% do crédito imobiliário concedido aos brasileiros e brasileiras. O Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (Pronaf), que sozinho corresponde a quase 70% do total de crédito liberado à agricultura familiar, está a cargo do Banco do Brasil e o Banco do Nordeste. A agricultura familiar é responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos pelas famílias brasileiras.
Além disso, os bancos públicos representam até 80% das agências em inúmeros estados da região Norte como Acre, Piauí, Pará, Roraima e Tocantins. Ainda, são os financiadores de mais de quase 95% do total de crédito nos estados do Norte e de cerca de 80% em outras regiões.
Entretanto, diferente das instituições públicas, os bancos privados são guiados pelo lucro e, por isso, suas agências possuem ampla presença nas áreas mais desenvolvidas do país. Enquanto a região Sudeste possui grande quantidade desses bancos, o restante do Brasil é marginalizado em função de interesses financeiros externos.
Por último, a privatização das loterias no Brasil representa uma perda de 38% de recursos que são atualmente destinados à educação, cultura, saúde, saneamento, seguridade social e outras áreas. Com a privatização, o repasse desse percentual deixaria de ser obrigatório e o valor não seria aplicado no desenvolvimento do país. Para se ter noção, a arrecadação total das loterias da Caixa em 2018 ultrapassou os R$ 13 bilhões, e a sua privatização corresponderia à perda de mais de R$ 5 bilhões, em um ano, que seriam repassados a programas sociais.