Na noite do último sábado (6), Thiago de Jesus Dias, 33 anos, passou mal enquanto fazia uma corrida do aplicativo de compra e entregas de produtos Rappi, em Perdizes. O entregador, residente de Pirituba, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) quando chegou ao seu destino, e faleceu na manhã de segunda-feira (8).

Além da precarização das relações de trabalho e da negligência de assistência por parte de empresas, Thiago foi vítima do desmonte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) promovido pela gestão Doria/Covas. A espera por atendimento de horas na calçada – e que não veio – é reflexo da sanha de cortes do prefeito Bruno Covas e da canetada que fechou bases, cortou recursos, ambulâncias e funcionários deste serviço de vital importância para a Saúde paulistana.

Publicada em fevereiro deste ano pela Prefeitura de São Paulo, a portaria 190 sucateou o SAMU com uma brutal reestruturação que não teve nenhum estudo técnico e epidemiológico, sequer diálogo com a categoria. Além disso, Bruno Covas mentiu ao dizer que o SAMU seria ampliado, quando, na verdade, foi desmontado:

  • Fechamento de 31 bases do Samu;
  • Redução do tempo de funcionamento das bases de 24 para 12 horas.
  • Corte do número de ambulâncias de 122 para 61;
  • Corte de funcionários.

Nos primeiros cinco meses de 2019, Covas fez com que o tempo médio de espera das ambulâncias do SAMU, independente da gravidade dos chamados, fosse de 90 minutos!

Em diligências realizadas em postos do SAMU, o vereador Giannazi, membro titular da Comissão de Saúde, flagrou e denunciou o descaso e a irresponsabilidade da Prefeitura. Giannazi criticou enfaticamente o desrespeito da gestão Doria/Covas e alertou para a precarização de trabalho dos servidores e para o risco de vida da população com a Portaria 190. O parlamentar acionou o Ministério Público e protocolou CPI na Câmara justamente por causa desses riscos e pelo desmonte do SAMU.

Precarização das relações de trabalho

Thiago de Jesus Dias era um “trabalhador autônomo”, como as empresas de aplicativos de serviços fazem questão de denominar seus colaboradores para que não tenham nenhum vínculo trabalhista. Segundo o IBGE, essa categoria já abrange cerca de 4 milhões de pessoas no Brasil, em um fenômeno chamado de “uberização do trabalho”.

Qual assistência e suporte do Rappi a família do entregador terá? Quais eram os direitos dele?

A saúde e a vida da população paulistana não podem ser menosprezadas desta forma. O vereador Giannazi presta seus sentimentos e solidariedade para os familiares e amigos de Thiago, e exige a responsabilização das empresas e da Prefeitura para que o acontecimento não se repita.