Desde 2004, o país vivia uma importante expansão do orçamento voltado ao desenvolvimento da ciência e à formação de mestres e doutores. Isso segundo os dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
No entanto, a escalada de cortes nos recursos voltados à pesquisa desde 2016 vem causando preocupação e insegurança entre os pesquisadores brasileiros e também nos centros de pesquisa, diante da possibilidade de interrupção de muitos trabalhos.
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No caso do CNPq, a redução do orçamento vem desde o golpe e chegou ao limite este ano, deixando o órgão deficitário em R$ 330 milhões. Foram suspensas 4.500 novas bolsas. E cerca de 84 mil bolsistas estão sem saber o que vão fazer a partir deste mês. Se nada for revertido, não haverá continuidade do pagamento de bolsas para pesquisas em andamento, o que em muitos casos significa o fim definitivo destes trabalhos.
O maior corte ocorre na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que financia pesquisadores da pós-graduação e também professores de educação básica. Pela proposta, o órgão vai perder cerca de metade do orçamento que de R$ 4,25 bilhões, passa a ser de R$ 2,20 bilhões a partir de 2020.
Apenas neste ano, a Capes já cortou 3.474 bolsas de estudo para estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado o que levou pesquisadores que atuavam em dedicação exclusiva – por exigência da própria agência – a verem suas pesquisas abandonadas e caírem em situação de desemprego.
Outro famoso exemplo do corte massivo dos investimentos em pesquisa é o do programa Ciência sem Fronteiras. Criado em 2013 para promover o intercâmbio de pesquisadores brasileiros em diversas universidades estrangeiras, o programa tinha orçamento inicial de R$ 1,2 bilhão. Dois anos depois já contava com R$ 3,2 bilhões. Após o golpe de 2016, foi severamente esvaziado, até praticamente acabar contando hoje com é apenas 0,22% do orçamento inicial.
Ao todo foram distribuídas 64 mil bolsas para graduação, 26 mil para doutorado e pós, 7 mil para desenvolvimento tecnológico, entre outras áreas. Dos mais de 100 mil bolsista que o Brasil chegou a mandar para o exterior, restam 5 mil.