Foto de Pixabay
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Segundo dados da Polícia Militar entre, 1º de abril e 18 de outubro, São Paulo registrou 102, 7 mil casos de violência doméstica em todo o estado. O número indica uma média de um pedido de socorro a cada 2 minutos e 49 segundos.

O gráfico acima revela que foram contabilizadas 101.929 ocorrências de violência e 822 medidas protetivas no período.

Violência contra mulher avança; risco de morte é 8 vezes maior

O Brasil ocupa o quinto lugar em taxas de feminicídios do mundo. Em 2018, 536 mulheres foram agredidas por hora, uma média de 8,9 mulheres por minuto, segundo dados do Fórum de Segurança Pública.

O número de notificações de violência física contra mulheres causadas por seus cônjuges ou namorados, segundo o Ministério da Saúde, quase quadruplicou. Uma das grandes barreiras ao combate é a tolerância social a esse tipo de violência.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2014, embora 91% dos brasileiros afirmem que “homem que bate na esposa tem de ir para a cadeia”, 63% concordam que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”. Além disso, 89% dos entrevistados pensam que “a roupa suja deve ser lavada em casa” e 82% que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.

Atlas da Violência retrata realidade gritante do Brasil

Em fevereiro, a pedido do Fórum de Segurança Pública, o Datafolha ouviu mais de 1.000 mulheres sobre violência contra a mulher. Os dados mostram que 42% delas disseram já ter sofrido agressão dentro de casa. Os principais agressores: cônjuges e namorados, responsáveis por quase 24% dos casos. 

Estupros em casa!

O número de notificações de estupros por cônjuges ou namorados das vítimas cresceu quase sete vezes desde 2009. Foi exatamente nesse ano que a Lei 10.015 reconheceu o estupro marital — o crime também está previsto na Lei Maria da Penha e foi reconhecido como uma violação dos direitos humanos pela ONU em 1993.

Até 2005, enquanto esteve em vigor o Código Penal de 1940, havia uma previsão que extinguia a punibilidade do crime de estupro “pelo casamento do agente com a vítima”. Na prática, existia a possibilidade de que um estuprador não fosse punido caso fosse casado com a vítima. O estupro, à época, era considerado um crime contra a honra (do homem, da família), e não uma violação do corpo feminino.

Assédio no ambiente de trabalho

Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha em janeiro de 2018 mostrou que o assédio no trabalho foi relatado por 15% das brasileiras, incluindo as formas de assédio físico (2%) e verbal (11%).

Nos Estados Unidos, no ano passado, mais de 200 homens foram retirados do poder depois que o movimento #MeToo ganhou as redes sociais, as ruas e as capas de revista. As denúncias passaram de 900.

“O #MeToo chegou com força também no Brasil. Mas, na minha percepção as coisas acabam arrefecendo, perdem o vigor, justamente porque avançamos na informação sobre violência, em dizer para que as mulheres denunciem, mas não conseguimos avançar na resposta a essas denúncias”, afirmou Pasinato. “Não conseguimos trabalhar dentro das instituições e fazer com que mudem as raízes. Para isso, suas lideranças precisam estar dispostas, e geralmente quem está no comando são homens, brancos, de elite — aqueles que, em regra, se beneficiam da estrutura.”

Violência por arma de fogo

As notificações de violência por arma de fogo contra a mulher quase quadruplicaram desde 2009. O medo de especialistas é que, com a mudança nas regras para posse de arma, o número aumente.

De acordo com o “Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil”, embora homens sejam mais frequentemente vítimas de armas de fogo do que mulheres, esse tipo de arma foi o meio mais usado nos 4.762 homicídios de brasileiras registrados em 2013. Foram 2.323 casos, o equivalente a 48,8%, seguido por objeto cortante/penetrante (25,3%), objeto contundente (8%), estrangulamento/sufocação (6,1%) e outros (11%).