A pandemia ainda está longe de ser controlada, mas o governador João Doria e o prefeito Ricardo Nunes impuseram um retorno às atividades presenciais nas escolas sem limite de capacidade nas salas de aula para o dia 2 de agosto.
Ao invés de se precipitar e condenar milhares de estudantes, seus responsáveis e trabalhadores da educação, é preciso garantir a vida da comunidade escolar. Afinal, aprendizagem se recupera, vidas não! Confira abaixo 5 motivos que mostram a irresponsabilidade desse retorno desnecessariamente apressado!
Índice de contaminação pelo vírus segue alto
A média móvel de novos casos de covid-19 no estado de São Paulo no último dia 22 de julho foi de 10.118. Este número é semelhante aos registros da pandemia no seu pior momento no ano passado, entre junho e agosto, período que ainda as variantes não eram conhecidas.
Este número alto de contaminações pelo vírus possibilita a geração de novas variantes que podem ser ainda mais perigosas. Com o retorno presencial sem limite de alunos por salas, as contaminações certamente aumentarão. Em fevereiro deste ano, havia 741 casos de Covid entre alunos (as) e educadores (as) nas escolas públicas e privadas do estado de São Paulo. Em 8 de março, com a retomada das atividades presenciais, eram 4084 casos, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
Jovens só serão vacinados em setembro
Se o calendário do Plano Estadual de Imunização (PEI) for cumprido à risca, jovens de 12 a 17 anos com comorbidades ou deficiência permanente serão vacinados com a 1ª dose de 23 de agosto até 5 de setembro. De 6 a 19 de setembro, ocorrerá a vacinação do público de 15 a 17 anos e de 20 a 30 de setembro, a imunização de pessoas entre 12 e 14 anos.
Com esse calendário, ainda irá demorar muito para os jovens em idade escolar se imunizarem contra a covid-19 e os que tomarem a vacina, será somente a 1ª dose, com tempo indeterminado para a aplicação da 2ª. Jovens com menos de 12 anos sequer possuem previsão para se vacinarem.
Com essa vacinação lenta, jovens e crianças estarão extremamente expostos a uma doença letal. Até meados de maio, 948 crianças de 0 a 9 anos morreram de Covid no Brasil, segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe) compilados pelo Estadão. O país é o 2° do mundo com mais mortes pelo coronavírus de crianças nessa faixa etária. Além disso, A Covid-19 matou, só neste ano, 1.581 jovens entre 10 e 19 anos no Brasil e o vírus já é a maior causa de mortes por doença entre pessoas destas idades.
Educadores ainda não terão completado a imunização
Os educadores, que começaram a ser vacinados graças a luta da comunidade escolar ao lado dos mandatos do vereador Celso Giannazi e do deputado Carlos Giannazi, ainda não terão tomado a segunda dose em 2 de agosto. De acordo com o secretário, a data limite para vacinação de todos os profissionais de educação está prevista somente para meados de setembro.
Além disso, professores que trabalharam presencialmente nas escolas tiveram risco 3 vezes maior de desenvolver Covid-19 do que a população da mesma faixa etária do estado de São Paulo, de acordo com um monitoramento em 299 escolas estaduais feita pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e analisado pelo grupo Rede Escola Pública e Universidade (Repu).
A maioria dos profissionais da Educação, em agosto, terão estes mesmos riscos de se contaminarem e de contraírem uma versão grave da doença, pois não estarão totalmente imunizados.
Índice de mortes segue alto e tende a aumentar
Como já mostrado, a reabertura precoce das escolas no início deste ano contribuiu para o agravamento da pandemia. Com adolescentes não imunizados em agosto, a tendência é que a tragédia se repita.
A média móvel de mortes pelo coronavírus registrada até a última sexta-feira, 22, no estado de São Paulo é de 366, número maior que todas as médias do ano passado até meados de março deste ano. Ainda não é seguro permitir a exposição da comunidade escolar ao vírus!
Escolas seguem sem receber as reformas necessárias
O vereador Celso Giannazi percorreu, diariamente, por todo o município de São Paulo para visitar as escolas municipais e relatou a precariedade nas condições estruturais. Ele encontrou escolas sem nenhuma ventilação, interditadas por reformas “eternas”, com muro caindo sobre o local e até uma unidade escolar com surto de escorpiões. Segundo a Apeoesp, cerca de mil salas de aula e estão totalmente inadequadas para esse momento da pandemia.