Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan) identificou, no ano retrasado, 207 mil crianças menores de cinco anos com desnutrição grave no Brasil. Foto: Brazil Photos / Contributor/Getty Images.
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan) identificou, no ano retrasado, 207 mil crianças menores de cinco anos com desnutrição grave no Brasil. Foto: Brazil Photos / Contributor/Getty Images.

De acordo com a Fundação Abrinq, que fez cálculos a partir de dados do IBGE, 9 milhões de crianças entre zero e 14 anos vivem em situação de extrema pobreza no país. Relatos dos pais, professores, gestores e especialistas, muitas dessas crianças têm a segurança alimentar ameaçada durante o recesso escolar por exemplo. Isso porque, durante as férias escolares, muitas crianças deixam de ter o acesso diário à merenda, intensificando a vulnerabilidade social de muitas famílias em todo o país. 

O tema foi recentemente noticiado pela BBC Brasil, e traz à tona a questão da fome no país, enquanto o presidente afirma cegamente que: “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”. Tal afirmação mostra o descaso de Bolsonaro com os mais pobres, além de ir na contramão do Relatório do Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2018, divulgado em novembro do ano passado pela ONU, que mostrou o crescimento da fome no Brasil, que chega a 5,2 milhões de pessoas atingidas pela desnutrição.

Frente a esse cenário, as merendas ocupam função importante no dia a dia de certos alunos, principalmente aqueles que se encontram em condição de extrema pobreza. Para essas crianças, nos períodos sem aulas é que a fome, uma ameaça ao longo de todo ano, se torna uma realidade perigosa. Embora não haja estudos nacionais que indiquem o tamanho da insegurança alimentar durante o período de férias escolares, uma série de indicadores comprova a evolução da pobreza no país e o modo como ela incide sobre as crianças.

Além do dado de que 9 milhões de crianças vivem em situação de extrema pobreza, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan) identificou, no ano retrasado, 207 mil crianças menores de cinco anos com desnutrição grave no Brasil. Tal situação não tem expectativa de melhora, e Bolsonaro, além de negligenciar os dados sobre a fome no Brasil, também fez defesa do trabalho infantil em outra declaração nesse mesmo mês. Essas atitudes do presidente, e a falta de projetos do Governo Federal revelam o total descaso do Executivo na construção de uma infância digna para todos e todas, colocando em risco a vida de milhares de crianças em situação de vulnerabilidade.

Contra esse cenário, nosso mandato segue denunciando o desmonte da educação pública a nível federal, estadual e municipal. Nesse sentido, seguimos construindo o Programa Educação Em Primeiro Lugar, promovendo projetos de lei e criando espaços de discussão como o Conselho Mirim e o Conselho da EJA a fim de ouvir pais, alunos, professores, quadro de apoio e demais profissionais da educação para formular as devidas políticas públicas para a construção de uma educação pública de qualidade no município de São Paulo.